segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Desejos e Ensejos

Por estes dias, li um interessante artigo sobre o Metro do Mondego e instantaneamente fiz uma comparação com a tragédia em três actos do Metro até à Trofa. Referia o tal texto que o Metro do Mondego era obra por ninguém pedida, que a mudança radical da automotora para o Metro de superfície foi uma decisão política tomada, provavelmente, por alguém virado para o Tejo.

A Trofa também não pediu o Metro. O comboio, embora já obsoleto, funcionava e servia as populações. Sendo utente da mesma até ao último suspiro, a infraestrutura, para além da falta de manutenção da ferrovia e do material circulante, era pontual e fazia parte do imaginário das populações. Aquando da desactivação e da prometida requalificação da linha para o Metro, as populações aceitaram pacificamente a reconversão que não pediram, mas o novo projecto vincava definitivamente o carácter metropolitano da cidade da Trofa. Era uma oportunidade de ouro para a nossa cidade. Parecia tudo bem: modernização das infraestruturas, aposta nos transportes públicos, requalificação do tecido urbano. Passados estes anos, e após longos discursos sobre a dependência dos combustíveis fosseis e das energias renováveis tão caras a Sócrates, a Trofa arrisca a tornar-se a única cidade do mundo inserida numa área metropolitana a ver diminuída (liquidada?) a oferta de transportes públicos.

Mas as coisas podem piorar ainda mais. Como é público, a nossa presidente já afirmou e reafirmou a disponibilidade da Metro do Porto de participar com milhões na requalificação do Parque Nossa Senhora das Dores. Tendo em conta estas promessas e o Memorando de entendimento da Metro do Porto subscrito em Maio de 2007, que explanava a não participação desta entidade em qualquer obra de regeneração urbana fora dos canais de circulação das composições, tudo ainda se torna mais difuso. Com base nestas preocupações, o deputado do PCP Honório Novo (bem conhecido da população da Trofa e que não precisa da cara nos boletins de voto) na Assembleia da República redigiu um documento dirigido ao Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações onde mostrava a sua preocupação quanto a estas contradições. Como sempre, o trabalho parlamentar do PCP não ignora a Trofa.

Esperemos pacientemente pelo dia 25.

2 comentários:

  1. Penso que o deputado Honório Novo merece o nosso respeito e consideração.
    É um bom político.

    Aliás, o PCP é um bom partido. Apenas tem uma ideologia desadequada. Precisa de modernização, tal como aconteceu com muitos PC's por essa europa fora.

    Bom artigo.

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  2. Caro JTT
    Eu sei que não devia fazer um comentário a um comentário mas...
    Ideologia desadequada para quem ? Apenas para os que querem continuar a opressão e a exploração.
    A "modernização" que falas é aquela a que leva à extinção, deixando de lado a ideologia e transformando-se em mais um partido oco de ideias e defendendo posições conforme as circunstancias (como os nossos do Centrão)...
    É com pensamentos como este que o PCP não consegue lutar (é um "bom partido", precisa de modernização, etc).
    Apontem falhas ideologicas (que as temos) agora não desvalorizem o papel do PCP na construção de uma sociedade melhor...
    Quanto ao artigo de Ricardo vem novamente focar o que é essencial e demonstrar que o trabalho que fazemos é em prol das populações mesmo sabendo que isso muitas vezes não traz votos

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