quinta-feira, 2 de junho de 2011

Troika Paranóica

Uma vez mais, estas eleições serão as mais importantes dos últimos 800 anos. Este argumento, usado normalmente em todas as eleições, talvez tenha pertinência neste acto eleitoral. Talvez Portugal nunca tenha tido como destino uma parede. Uma parede onde irá embater e que dá pelo nome de Troika. Apesar deste destino brutal e doloroso, os chamados partidos do "arco governativo" andam entretidos em não discutir e até esconder o memorando da Troika. Sócrates fala em "Vingança do PSD pelos resultados de 2009!", Passos Coelho quer empunhar um cartaz na clínica dos Arcos com a inscrição "Assassinas" e, horror dos horrores, até Paulo Portas pegou num cravo! Mas também não precisam de falar muito, pois o programa do próximo governo já foi delineado pelos senhores do FMI, BCE e Comissão Europeia.

Apesar de todo o discurso das inevitabilidades promovido pelo poder dominante, existem forças que defendem outro rumo, outras políticas. Forças que defendem uma ruptura patriótica e de esquerda. Uma força que os Trofenses conhecem bem. Uma força que defende intransigentemente e sem ambiguidades o Metro para a Trofa. Uma força sempre ao lado dos trabalhadores. Uma força com um projecto alternativo para o país.

Neste domingo, o meu voto vai, sem medo ou preconceito, para a CDU.

terça-feira, 24 de maio de 2011

E agora?

Janeiro 2011

Maio 2011:
Não vejo qualquer tomada de posição pelos manifestantes de Janeiro, nomeadamente o Sr. Carlos Martins (que deu a cara pelo grupo de manifestantes, defendendo sempre que se tratava de um manifesto apartidário), depois disto:
Ou seja, o CDS diz, conformado, que o Metro é para esquecer.
O PSD também vem à Trofa e diz “depois vê-se”...

Afinal onde está a reinvidicação?
A Trofa precisa que digam que a obra do Metro é prioritária!
Parece-me que alguns perderam a "coragem"...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cavalos de Corrida


A obra de Eça de Queirós permanece, quase assustadoramente, actual na sua análise à sociedade portuguesa. Embora escrito no séc. XIX, o retrato queirosiano de Portugal extravasa o seu tempo histórico (podia ter sido redigido no séc. XII, XV ou XXI, tal é a força das suas palavras). A leitura de qualquer obra de Eça de Queirós deixa-nos um sorriso agridoce nos lábios, pois exclamamos "isto afinal pouco ou nada mudou". Tendo como referência a obra mais conhecida do autor, "Os Maias", encontramos um episódio que nos remete para o mais recente acontecimento social da nossa cidade, o famoso episódio "Corridas de Cavalos".

Inserido sensivelmente no meio da obra, este episódio retrata a alta sociedade lisboeta, a tentativa de igualar Lisboa às restantes capitais europeias e a civilidade e o cosmopolitismo artificial e forçado da sociedade. Mais: o retrato caricatural é perfeito, pois o hipódromo revela-se uma fogueira de vaidades bem ao jeito português. O sentido do ridículo perde-se totalmente.

Também a nossa cidade tinha de ter a sua "Corrida de Cavalos". Partindo de uma tradição (meia dúzia de pilecas a correr, por acaso, ao longo da linha de comboio), decidiu-se construir nos trilhos desactivados da estação em ruínas apocalípticas uma pista para cavalos. Eu repito: Uma pista para cavalos no centro da cidade nos antigos trilhos do comboio! Um cenário verdadeiramente caricatural e ridículo.

Este evento também serve para observarmos a gestão e preservação do património público: ninguém mostrou preocupação com a protecção e manutenção da antiga estação e do seu espaço envolvente (uma autêntica ferida em aberto no tecido urbano) e foi preciso a intervenção do deputado Honório Novo do PCP para que se emparedasse o edifício mas, para uma corrida de cavalos, tudo pareceu funcionar correctamente, tanto ao nível das autorizações como das verbas disponíveis. Prioridades.

No fundo, a construção de uma pista para cavalos nos antigos trilhos até se revela uma boa ideia e com visão: uma vez que o metro parece cada vez mais uma miragem, talvez se possam substituir as composições do metro por coches no troço entre a Trofa e o ISMAI. E até servia de atracção turística.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Sociedade adormecida

Parte III – O Grande Irmão
Não é possível desenrolar todo o novelo sem perceber quem o enrolou. O 25 de Abril é apenas uma das situações que foram manipuladas “laboratorialmente” nos anos precederam a Segunda Guerra Mundial, da mesma forma que os meses que antecederam o ataque japonês a Pearl Harbor ficaram marcados pelo congelamento de bens japoneses e aplicação de sanções por parte das autoridades norte-americanas que se tinham declarado neutras face ao conflito, deixando os nipónicos com poucas escolhas. Como disse um dia Napoleão Bonaparte, "History is the version of past events that people have decided to agree upon." (A História é a versão dos eventos passados sobre os quais as pessoas decidiram concordar). Mas afinal, quem detém o poder para influenciar o rumo dos acontecimentos internacionais e como consegue que tal aconteça? Para responder a estas perguntas, necessitamos de entrar num domínio que para muitos não passa de uma “conspiração” mas cujas evidências não podem ser eternamente ignoradas.
Apesar de alguns historiadores mais fanáticos apontarem as civilizações ancestrais do Egipto e da Mesopotâmia como o berço das organizações maçónicas, ainda que de forma pouco sustentável, a história da organizações maçónicas enquanto entidade que congrega génios, estadistas e influentes homens de negócios ou da banca, capazes de influenciar determinados aspectos da sociedade remonta ao período do Iluminismo quando destacados notáveis como Voltaire ou Montesquieu engrossavam as suas fileiras. Os propósitos destas organizações visavam a defesa da liberdade, democracia, igualdade e fraternidade, qual Revolução Francesa, e eram entidades cuidadosamente afastadas do grande totem do poder de então, a religião Católica. Evoluíram ao longo dos tempos, perdurando até hoje, e, apesar de todo o secretismo que as envolve, a sua existência é do conhecimento público. Apenas a agenda destes grupos continua envolta em nevoeiro cerrado, não obstante algumas fugas de informação.
Contudo, as Maçonarias evoluíram para outros patamares que deram origem a novas organizações globais (aqui a definição evolui de “maçónica” para “globalista”, o termo utilizado para descrever tanto as organizações como os seus membros), de onde se destacam a Comissão Trilateral, o Conselho de Relações Internacionais e, o mais proeminente de todos os grupos, aquele que mais interesse e influência exerce sobre a realidade portuguesa, o Clube Bilderberg. Poucos ouviram falar dele, muitos acreditam que não passa de uma “teoria da conspiração” mas a realidade é que existem muitas evidências que apontam para o facto de haver algo de errado com esta entidade. O Clube Bilderberg actua como um fórum anual que, apesar de reunir o “topo da cadeia alimentar” dos políticos, líderes militares, académicos e empresários, reúne à porta fechada, em hotéis patrulhados pelo exército com rigor elevadíssimo, não dá conferências de imprensa e não permite a entrada de jornalistas. É o expoente máximo do secretismo apesar dos nossos líderes políticos, de quem somos patrões, nunca abrirem a boca sobre o assunto quando questionados. Outro aspecto central sobre estes encontros é que raramente são difundidas notícias sobre os mesmos o que não deixa de ser estranho uma vez que se as férias das figuras públicas são notícia para tantos media, não faria também sentido que uma reunião à porta fechada com os principais actores globais fosse noticiada? Não é por acaso que o único membro permanente português do Clube seja Francisco Pinto Balsemão, histórico militante do PSD mas sobretudo patrão do Grupo Impresa. É ele quem convida os participantes portugueses e até já trouxe um dos encontros para o nosso país que teve lugar em Sintra, decorria o ano de 1999.
Não pretendo fazer uma análise exaustiva sobre os meandros das sociedades secretas. Não só porque precisaria de vários artigos para traçar um quadro detalhado sobre esta realidade mas principalmente porque deverá ser o próprio leitor a levantar questões e a retirar as suas próprias elações se entender que o deve fazer. Trata-se de um tema demasiadamente complexo, relativamente ao qual existe muita informação e contra-informação até porque as pessoas que controlam os grandes conglomerados dos media estão lá e são membros tão influentes como um dirigente político ou militar. Aliás, a ideia de que tudo isto não passa de uma “teoria da conspiração” é amplamente difundida pelos media que também se ocupam de ridicularizar todos os factos que gravitam em torno deste enorme ponto de interrogação. Estamos a falar de uma organização que se pauta por um rigor e eficiência muito elevados, gente que não brinca em serviço. Contudo, deixarei aqui duas notas que certamente deixarão o caro leitor a pensar sendo que outros aspectos relacionados com o “clube” serão desenvolvidos mais à frente, no decorrer desta “saga”:
·         Durão Barroso abandonou em 2004 o cargo de Primeiro-Ministro para presidir a Comissão Europeia. O anúncio foi feito a 25 de Junho de 2004, no dia imediatamente a seguir à célebre vitória de Portugal sobre a Inglaterra no Euro2004. Para além da conveniência do dia, no qual todas as atenções estavam ainda no jogo, convém salientar que 3 semanas antes, Balsemão convidaria Santana Lopes e José Sócrates, o Presidente da CM Lisboa e um deputado como tantos outros respectivamente, para a reunião anual em Stresa. Santana Lopes seria o PM de transição pós-Durão e José Sócrates suceder-lhe-ia. No ano anterior Durão esteve presente no encontro, 2 meses após ter sido o anfitrião da cimeira das Lajes;
·         No encontro de 2005, Balsemão leva o antigo PM António Guterres ao encontro anual dos bilderbergs. Duas semanas e meia mais tarde é apontado como Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. É importante salientar que Guterres esteve também presente na reunião de 94 em Helsínquia, um ano antes de ser eleito pela primeira vez PM;
Poderia citar inúmeras outras curiosas conveniências deste simpático clube como o facto de Bill Clinton ter participado na reunião de 91 e ser eleito Presidente dos EUA em 92 ou Romano Prodi que participou em 99 e foi eleito Presidente da Comissão Europeia no mesmo ano. O leitor poderá olhar para todos estes factos e dizer que tudo não passa de curiosas coincidências. Existe uma organização que congrega os políticos, empresários, banqueiros e académicos mais influentes da Europa e América do Norte, que por sua vez controlam uma significativa percentagem do dinheiro e recursos dos planeta, são proprietários da maioria dos meios de comunicação social de maior abrangência nas suas áreas geográficas (e não só), reúnem à porta fechada protegidos pelo exército do país onde decorre a reunião e, na esmagadora maioria dos casos, os seus convidados pontuais são rapidamente eleitos para cargos de Primeiro-Ministro, Presidente da República, Secretários-Gerais de instituições como a Comissão Europeia ou a NATO (todos os líderes da organização estiveram presentes em encontros do “clube”) ou outros cargos políticos de grande relevância. Não serão coincidências a mais?
Aconselho a todos os interessados a acompanhar de perto o futuro político do pessoas como António Costa, Teixeira dos Santos, Rui Rio e Paulo Rangel que estiveram presentes nas duas últimas reuniões anuais dos bilderbergs. E o leitor poderá perguntar: “mas que importância poderão ter um Ministro caído em desgraça, um mero eurodeputado e dois presidentes de Câmara?”. Legítimo. Tão legítimo como eu lhe recordar que quando esteve presente no encontro de 2004, José Sócrates era um mero deputado que tinha ocupado um ministério de pouca relevância na era Guterres. No espaço de meses transformou-se no primeiro PM socialista com maioria absoluta na história do nosso país.
“Coincidência é a desculpa dos tolos e mentirosos”
Autor desconhecido

Cumprimentos,
João Mendes

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Solteira

A história da chegada do FMI a Portugal pela 3ª vez em 35 anos faz lembrar quando um dirigente de futebol renova os votos de confiança no treinador: o "não" dito muitas vezes só pode dar em "sim". E Sócrates, o homem que abriu mais uma vez as portas ao FMI, parece querer escapar por entre os pingos da chuva. Sabendo que o PEC IV não passaria no parlamento, descobriu neste chumbo a manobra perfeita para se vitimizar. Inocente! Até parece que tudo ia bem antes do chumbo: crescimento económico, taxas de juro a descer e o desemprego a diminuir. E o congresso do PS na altura perfeita. Um congresso de um partido "Socialista" onde não se fala de desemprego, empobrecimento em tempos de desemprego, recessão, pobreza… "Está comigo este Partido Socialista?"

Apesar de convergir com as políticas de fundo do governo, de ter apoiado os diversos PEC´s e aprovado orçamentos de Estado, Passos Coelho e o PSD também não têm culpas no cartório. Inocentes! Tal como disse o Bonzo (Vasco Púlido Valente para os amigos) na sua crónica de sexta-feira (08.04.11), o pensamento dominante apela a que não se procurem culpados. Serão então todos inocentes? Foi tudo gerado instantaneamente? O Bonzo devia ter dito, como conclusão, que o poder político, económico e académico tem andado em circuito fechado nos últimos 35 anos.

Mas estes também são dias que correm de feição para a agenda neoliberal delineada no Convento do Beato e encabeçada politicamente por Passos Coelho. Com a entrada em cena dos mercenários ao serviço do FMI, a nossa autonomia vai ficar ainda mais condicionada nos próximos 5-10 anos, altura perfeita para uma Grande Revisão Constitucional que varra de vez os valores de Abril. Tudo em nome de… bem, não sabemos. Ou saberemos?

Independentemente dos resultados eleitorais das próximas eleições, já existe uma arrumação política predefinida para o dia 6 de Junho e apadrinhada por Belém. Seja o PS ou o PSD a ganhar as próximas eleições (desta vez o CDS entra de qualquer maneira), teremos sempre um governo de lacaios a responder em Bruxelas e em Berlim para deleite do Presidente da República. Urge com isto estarmos atentos às alternativas e deixarmos de lado as inevitabilidades. Os caminhos a seguir não têm de ser necessariamente pavimentados por recessão e miséria. O trabalho desenvolvido pelo PCP mostra que é possível uma ruptura patriótica e de esquerda. Quem tem medo do Lobo Mau?

P.S. No último artigo falei dos Desaparecidos em Combate. Pois eles aí estão: Alegre, a reserva moral da esquerda do PS, não falta a uma chamamento; Fernando Nobre, esse homem da sociedade civil, distante dos partidos e por aí em diante, acaba de aceitar o convite do PSD para encabeçar a lista por Lisboa e ser o candidato do mesmo à Assembleia da República.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ser Jovem na Trofa...

Para mim, politicas de juventude não são apenas duas ou três noites de verão no parque, com Dj’s da moda, meninas bonitas a desfilar e umas bandas a actuar…
As comemorações do dia internacional da juventude, que decorreram no ultimo fim-de-
semana de Março, mesmo com recursos financeiros muito escassos, tiveram um programa
diversificado, com actividade culturais e desportivas, e o mais importante (para mim!)descentralizadas! Não se cingiram unicamente a S. Martinho de Bougado ou a Santiago de Bougado.
As comemorações desta data terminaram com duas iniciativas que marcaram a juventude
da Trofa: A tomada de posse do CONSELHO MUNICIPAL DE JUVENTUDE e a apresentação do
projecto ORÇAMENTO PARTICIPATIVO JOVEM.
O conselho municipal de juventude é constituído por todas as associações do concelho que estejam inscritas no RNAJ (Regulamento Nacional de Associações Juvenis) e partidos Políticos.
No Conselho Municipal de Juventude da Trofa, têm assento os escuteiros (Agrupamentos de S.Martinho de Bougado, Santiago de Bougado, S. Romão e Alvarelhos), JSD, JS, JCP, PS, PSD, CDS-PP e Clube SlotCar (única associação Trofense inscrita no RNAJ). Este órgão consultivo reunirá periodicamente com vista a decidir e contribuir para novas políticas de juventude para a Trofa.
O Orçamento Participativo Jovem (OPJ) é um projecto em que a Trofa é Pioneira em Portugal (já existem outros concelhos onde há o orçamento participativo, mas no “formato juvenil” a Trofa é um dos primeiros concelhos a avançar.
Neste projecto, são os jovens (até aos 30 anos) que decidem onde e como será aplicada uma determinada verba, definida pela Câmara Municipal.
No caso da Trofa, a verba destinada ao OPJ são 20 mil euros, e na minha óptica, esta é sem dúvida, a melhor oportunidade que os jovens terão para apresentar ideias e projectos para algo que gostariam de ver criado no seu concelho.

Aproveito este espaço para lançar o repto junto dos jovens que nos visitam, para que
apresentem ideias e projectos com aquilo que consideram que falta no nosso concelho.
Para obterem mais informações sobre o que consiste, como funciona ou como apresentar
projectos para o OPJ, consultem este site
Na minha opinião tem existido uma decisiva aproximação entre a Câmara Municipal e a juventude trofenses. São iniciativas assim, mais perenes no tempo, menos conjecturais mas mais estruturais, que permitem uma real aproximação e identificação com o nosso concelho. Esta era a mudança pedida.

Cada vez mais, vale a pena ser jovem na Trofa.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O menino da Lágrima



Alguém acredita que José Sócrates consegue a maioria absoluta nas próximas eleições?

Na minha opinião, apenas ele deve acreditar nisso, esse panorama está fora de hipótese, não entendo o porquê dele se demitir e voltar a recandidatar. No mínimo deveria encontrar um outro sujeito capaz de se candidatar pelo partido socialista. Não foi capaz de levar um mandato até ao fim, não será capaz de levar outro mandato, pois no panorama mais favorável para o partido socialista, este novo mandato seria nas mesmas condições, sem maioria absoluta. Quem pensam eles que são? Os donos da razão que decidem o que mais lhes convém sem ter de ouvir mais ninguém, e se não é como eles querem, convocam novas eleições até que o seu desejo seja satisfeito? É nestes sujeitos que o partido socialista quer que se vote novamente?
Queixam-se que o País não tem dinheiro, roubam todos os cidadãos ao máximo e da forma mais inesperada colocando cobrança em estradas (algumas sem alternativa) que até então não eram cobradas, obrigando os cidadãos e comprar dispositivos electrónicos para poder circular nessas mesmas estradas, e até mesmo, pasmem-se reduzindo e até mesmo retirando a bolsa de estudo aos estudantes, diminuindo deste modo a aposta na educação, para no final, e porque Portugal não tem dinheiro, provocam novas eleições e voltam-se a candidatar, porque afinal temos muito dinheiro para gastar em eleições.
Alguém tem ideia do dinheiro que foi gasto em estudos para o enorme aeroporto da Ota, e para o TGV? Precisamos mesmo disto? O Wikileaks tem muita razão quando divulgou que Portugal rege-se pelo orgulho de possuir brinquedos caros. Será a época eleitoral também um brinquedo para eles? 
Colocou o país na situação caótica e complicada em que vivemos, fruto dos últimos 13 anos de governação socialista para no final se demitir e atribuír as culpas para a oposição?
Actitudes cobardes que José Sócrates tem tido, até pode estar a governar com maioria absoluta, mas se algo corre mal a culpa é da oposição, um autêntico menino da lágrima.

Deixo desta forma a minha posição de repúdio pelo que tem sido a governação de José Sócrates.

Cumprimentos;

Nuno Costa

quinta-feira, 31 de março de 2011

GERAÇÃO DESENRASCADA

Ao longo da nossa vida, deparámo-nos com momentos cruciais em que somos confrontados com a inevitabilidade de fazermos escolhas.
Um desses momentos é no final do 9º ano, quando os jovens têm de escolher uma área de estudos que irá determinar o seu percurso futuro.
Escolher cursos da área das Humanidade, da área das ciências e tecnologias ou da área das artes é, pois, um dos maiores e mais importantes desafios que se colocam a um jovem.
Alguns, mais pragmáticos, decidem colocar dentro da gaveta as disciplinas em que são mais competentes e de que mais gostam e, influenciados pela escola e, sobretudo, pela família, acabam por enveredar por cursos que, à partida, lhes trarão mais estabilidade no futuro. Estes jovens acabam por se inscrever no curso de Ciências e Tecnologias que lhes dará acesso aos cursos da área da saúde e das engenharias, entre outros.
Há, no entanto, jovens mais idealistas que decidem seguir mesmo as disciplinas de que mais gostam e escolhem os cursos relacionados com as humanidades e as artes.
Claro que ao tomarem essas opções os jovens devem estar conscientes das dificuldades do mundo que os rodeia e conhecerem bem o mercado de trabalho onde pretendem inserir-se para depois não sofrerem decepções quando tiverem dificuldade em arranjar o primeiro emprego.
No já longínquo 12 de Março, a geração «à rasca» saiu à rua para mostrar ao país as dificuldades porque está a passar.
Protestaram contra a precariedade no emprego e contra o desemprego.
Olhando atentamente para o perfil dos organizadores da dita manifestação, o que é que nós temos?
Jovens licenciados, mestrados e até em doutoramento. Muito bem!
Cursos? Relações Internacionais, Relações Públicas, mestrados em «Paz no mundo» e outros semelhantes.
É claro que nada tenho contra estes cursos até porque também eu escolhi um curso da área das humanidades (História) e já em 1979 diziam que estava difícil para arranjar emprego, mas é preciso dizer a estes jovens que o estado português não tem de criar empregos para um jovem mestrado em «Paz no mundo», por muito intelectual, culto e inteligente que esse jovem seja. Penso que terá de pedir emprego nas Nações Unidas ou outros organismos semelhantes ou então terá de responsabilizar a universidade que o formou para essas inutilidades.
Aliás, o verdadeiro problema encontra-se precisamente na falta de escrúpulos que impera em muitos estabelecimentos de ensino superior que se vêem confrontados com excesso de professores e falta de alunos e vai daí criam cursos que são autênticas inutilidades mesmo sabendo que estão a licenciar jovens cujo destino é um call center ou uma caixa de um supermercado, isto se tiverem sorte, senão vão mesmo para o desemprego.
Confrontando-se com esta situação, muitos jovens com cursos sem colocação possível têm enveredado pela política e lá temos nós o futuro carregado de políticos «à rasca» e que, dessa forma, tentam desenrascar-se na vida.
Claro que nem todos os jovens se enquadram no panorama descrito acima, mas penso que esses não faziam parte dos não sei quantos milhares de manifestantes do 12 de Março pois ainda há jovens que, querendo tirar os cursos da sua preferência, não consideram que o estado é obrigado a sustentar as suas opções conscientes e vão à luta.
À luta verdadeira, dura, difícil.
Não à luta do FACEBOOK, das manifestações ou das cantigas e que terminam nos bares de moda, nas mensagens dos telemóveis de última geração ou dos portáteis mais sofisticados que os papás pagam.
Esses jovens são empreendedores, confiam nas suas capacidades e não se importam de começar numa empresa a desempenhar funções abaixo das suas habilitações e competências. Têm paciência e sabem que um dia serão reconhecidos e a sua oportunidade chegará. Não ficam em casa, no conforto do seu quarto, agarrados ao computador a mandar currículos pela internet (isto nos intervalos de mais uns joguinhos online e de umas mensagens para os amigos).
Esses jovens são aqueles a quem eu chamo desenrascados, por oposição aos que só se lamentam que estão «à rasca».
Quando terminei o meu curso, comecei imediatamente a procurar emprego nos mais variados locais: escolas, bibliotecas, museus…todos os dias via a página dos classificados dos jornais à procura de uma vaga para professor de História, Português ou Geografia.
Nada aparecia. Entretanto, e como não queria estar sem fazer nada, inscrevi-me na Escola Superior de Jornalismo do Porto. Enquanto esperava por uma coisa ou outra, montei uma pequena escolinha em casa e comecei a dar explicações. Para além disso, ajudava os meus pais no seu negócio. Um dia, vi no JN um anúncio a pedir uma professora de História para Freixo de Espada à Cinta. Sem contar nada a ninguém (pois tinha medo que os meus pais e namorado me tentassem fazer desistir da ideia) concorri e fiquei colocada, pois fui a primeira classificada entre vinte e nove candidatos ao cargo. Do meu ano de licenciatura, fui dos poucos que comecei a trabalhar logo no 1º ano porque não fiquei em casa a lamentar ou a protestar.
É claro que os tempos são outros mas eu trago aqui a minha experiência de vida para mostrar que todos os jovens têm um caminho difícil a percorrer é só sairão dessa situação se em vez de estarem constantemente a dizer que estão «à rasca», devem antes tornar-se uns desenrascados. 

Por
Maria Emília Cardoso

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Sociedade adormecida

Parte II – A revolução de laboratório
Existe uma linha ténue que separa o mundo teórico, conceptual e ideal daquilo que é a realidade. Séculos de evolução humana permitiram muitas conquistas ao ser humano, que evoluiu de uma condição de quase escravatura na Idade Média para, supostamente, viver hoje numa era de liberdade, da expressão à imprensa, passando pelas esferas da política, religião ou até da sexualidade. Infelizmente, o peso das palavras incute ideias falaciosas que, de uma forma subtil, pervertem o real sentido de alguns conceitos que comummente entendemos como fundamentais para um exercício pleno de ser humano.
O conceito de Democracia é o primeiro quebra-cabeças com que nos deparamos. O notável político e estratega militar inglês Winston Churchill uma vez referiu que “A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm sido experimentadas de tempos a tempos”. Não poderia estar mais de acordo com estas palavras. Comparativamente aos regimes autoritários, totalitários ou teocráticos que marcaram negativamente o século passado, fossem eles de esquerda ou de direita, a democracia é e continuará a ser o mais justo dos regimes porém, numa óptica em que todas as outras formas de regime político são fracas.
Apesar dos primeiros passos dados na Grécia Antiga, é com os iluministas do século XVIII que surgem as bases para aquilo que entendemos como democracia moderna. Sintetizando, a democracia é uma forma de organização política na qual existe um contrato social entre todos os Homens, contrato esse que legitima um centro de poder que deve responder perante os seus subordinados, o povo. Paralelamente a esta ideia, novas premissas como a separação de poderes, a igualdade perante a lei, o direito à propriedade privada e as liberdades ditas fundamentais emergiram de mãos dadas com a materialização das ideias iluministas, a Revolução Americana e, mais tarde, a Revolução Francesa que curiosamente foi rapidamente subvertida pelos ímpetos imperialistas de Napoleão Bonaparte.
Avancemos dois séculos. O modelo democrático, fruto de várias adaptações desde as ideias de John Locke ou Rousseau, triunfou na Segunda Guerra Mundial e na Guerra Fria (ou será que foi o modelo socialista a fracassar?). Com o fim da Guerra Fria, muitos afirmaram que a democracia tinha triunfado, outros, como o académico Francis Fukuyama afirmaram categoricamente que as ideologias tinham chegado ao fim, estávamos perante o “Fim da História e o Último Homem”. O Homem (ocidental) podia respirar de alívio! Uma nova era de entendimento, progresso e paz tinha chegado sob a égide da democracia. Em 1974, a “novidade” chega a Portugal, envolta numa nuvem de inúmeras incógnitas de difícil explicação.
O momento em que Portugal se solta das amarras do Estado Novo é a primeira das incógnitas, o início do novelo. O 25 de Abril é um importante momento histórico que se apresenta habitualmente como um épico em que bravos oficiais de baixa patente, revoltados com a ditadura e sobretudo com a Guerra Colonial decidem depor o regime liderado então por Marcello Caetano. Os livros escolares e os filmes alusivos a este momento retratam-no do ponto de vista heróico e romântico mas poucos são aqueles que têm a coragem de mostrar o que realmente esta por trás da Revolução dos Cravos. Menos ainda aquelas que o conhecem. A começar por quem permitiu que a revolução acontecesse.
Por altura da revolução, Portugal fazia já parte da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Ora a OTAN (ou NATO) é uma estrutura militar internacional cujos membros estão protegidos pela própria organização. Em caso de uma agressão militar interna ou externa a qualquer um dos membros, tal ataque é considerado como um ataque a toda a estrutura. Posto isto, e independentemente do regime repressivo praticado na altura por Lisboa, é muito difícil de entender porque é que a frota naval da OTAN, estacionada no Tejo no dia 25 de Abril de 1974, nada fez para defender o regime em vigor. Alguns poderão afirmar que a liderança da OTAN decidiu assim penalizar a ditadura portuguesa. Mas, se assim fosse, porque não tiraram também o tapete ao General Franco que só cairia com a sua morte em 1975? Ou porque é que países com regimes sombrios como o Cazaquistão, Uzbequistão ou a Bielorrússia possuem estatuto de parceiros estratégicos da OTAN? Ah! O maravilhoso e hipócrita establishment ocidental.
Quem conhece a história oficial do 25 de Abril é familiar com o facto dos capitães se terem deparado com um entrave quando foram buscar Marcello Caetano para o exílio. O então chefe do governo luso recusou-se terminantemente a encetar negociações com oficiais de baixa patente e, sem saídas à vista, os bravos capitães viram-se forçados a recorrer a António Spínola, destacado fascista que recebeu a rendição das mãos de Marcello e se tornou no primeiro Presidente da República no período pós-revolução. Até aqui nada de novo. O que muitos ignoram, mas que está bem patente no Centro de Documentação de Abril da Universidade de Coimbra, bem como nos trabalhos de Luis M. Gonzaléz-Mata, Frederico Duarte Carvalho ou Andrei Grachev, foi que entre 19 e 21 de Abril de 74, a menos de uma semana da revolução, o administrador da Lisnave Thorsten Anderson se reuniu com o então Secretário-Geral da OTAN, Joseph Luns, para lhe entregar uma mensagem de Spínola na qual o general português pedia a não-intervenção da frota da OTAN estacionada no Tejo. Como muitas pessoas ainda pensam, Spínola não “caiu de pára-quedas” no epicentro da revolução. A título de curiosidade, esta reunião teve lugar no encontro anual do Clube Bilderberg.
Estes factos deixam-me perplexo. Afinal, quem forjou a democracia portuguesa? O que motivou a OTAN a virar as costas ao regime português em vigor que tão útil fora no passado? Quem toma este tipo de decisões e com que interesses geopolíticos? Mas, no meio de tantas perguntas, o que mais me perturba é a certeza de que a democracia portuguesa não é o resultado de movimentações heróicas e patrióticas, movimentações essas que existiram e desempenharam o seu importante papel, mas antes de alinhamentos políticos internacionais com pouco interesse pela liberdade dos portugueses.
“Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez nos pudéssemos entender melhor.”
José Saramago

Cumprimentos,
João Mendes

terça-feira, 22 de março de 2011

O principio do Fim...


Nas ultimas vezes que tenho escrito para A Voz da Trofa, tenho abordado a situação político-partidária do nosso País, esta semana após a apresentação do PEC IV de tudo circo mediático que se sucedeu é incontactável debruçar-me novamente sobre o tema.


Se muitos desejavam que este governo não chega-se ao próximo orçamento após o discurso de tomada de posse de cavaco silva isso ficou claro. Cavaco prometeu exercer uma magistratura activa, na defesa dos interesses de Portugal. Os juros da divida nos mercados de capitais ultrapassaram os pela primeira vez os 8%, os partidos não se sentam a mesa para negociar matérias decisivas para o futuro só nosso pais. Já se ouve falar em eleições antecipadas, mas onde esta o Sr. Presidente da Republica de que esta a espera Cavaco Silva para intervir? O reputado economista não sabe quais são as consequências dos tumultos criados pelos partidos.


O PS como partido de governo continua na mesma linha de actuação, “piscar o olho” aos abutres, perdão, aos mercados de capitais, tentando restabelecer a confiança no nosso País.Com alguns tropeços as noticias da execução orçamental de 2011 são animadoras. Por seu lado o PSD como maior partido da oposição, sedento de poder, líder nas sondagens, aproveitando a contestação social nas ruas ao actual governo faz o discurso da mudança necessária, não dizendo em que consiste essa mudança. Apenas mudança por mudança. Sabemos que Passos Coelho, pretende liberalizar o mercado de trabalho privatizar algumas empresas e pouco mais se sabe dos seus intentos. Eis que os barões do PSD começam a ficar impacientes “ passos coelho manda calar os boys para conseguir segurar o barco”, mas não tem resultado. Com a apresentação do PEC IV Passos Coelho (PC), Tem a oportunidade de ouro de para fazer cair o governo. Ontem para meu espanto PC imite um comunicado bilingue, que sucintamente diz o seguinte. Passos Coelho refere que só com um “amplo consenso” o país poderá “adoptar medidas adicionais de austeridade” e acusa o Governo de assumir uma postura “omissa” e de “negligenciar procedimentos democráticos”. E o que falta para um amplo consenso? O Ps propôs uma coligação de governo com o PSD. Então Passos Coelho disse o seguinte, em bom português. O PSD é líder de sondagens vamos lá criar uma crise politica de uma vez por todas que eu quero ser Primeiro-ministro. Mas continua tudo igual, comprometo-me pelas medidas anteriores que o governo tomou, assim como e o PSD e CDS aprovaram estas medidas de forem governo. Como é que os mercados olham para esta crise nacional? E as instituições Europeias. Já pensaram o que acontecera se PSD nas próximas eleições não tiver uma maioria absoluta, mesmo que coligado com o CDS?

Por 
Daniel Neira

segunda-feira, 21 de março de 2011

Correio de leitor Geração à Rasca - A Nossa Culpa

Este texto foi-nos enviado na rubrica correio de eleitor. Segundo Paulo Costa, o leitor que nos enviou o texto, o mesmo circula na redes sociais sem tem autor conhecido.


"Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa
abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes
as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar
com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também
estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância
e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus
jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a
minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos)
vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós
1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram
nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles
a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes
deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de
diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível
cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as
expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou
presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o
melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas
vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não
havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado
com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A
vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem
Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde
não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar
a pagar restaurante aos filhos, num país onde  uma festa de
aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a
pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e
da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que
os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade,
nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter
de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e
que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm
direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas,
porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem,
querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo
menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por
escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na
proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que
o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois
correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade
operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em
sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a  informação sem que isso
signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas
competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por
não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração
que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que
queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a
diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que
este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo
como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as
foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não
lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de
montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o
desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e
inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no
retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e
nem  são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como
todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados
pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham
bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados
académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos
que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e,
oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a
subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos
nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares
a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no
que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida
e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme
convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem
fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e
a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de
uma generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim."

sexta-feira, 18 de março de 2011

Acto Contínuo

O país está a ferver. Não existe conversa entre duas pessoas em que não se aborde a actual situação económica, política e social deste pequeno Estado (futura província? futuro protectorado?) situado no extremo ocidental da Europa. Várias são as soluções apontadas (aproximadamente dez milhões). Mas também é o tempo do oportunismo. Para além do oportunismo dos agiotas internacionais (será que ninguém acha chocante apelidar a dívida de um país como "LIXO"?), surge sempre o oportunismo político.

O passado dia doze de Março pode ser considerado como a "Ponte 25 de Abril" do governo de Sócrates. Vários milhares de jovens, e não só, mostraram o seu descontentamento com o actual rumo do país e a falta de perspectiva das gerações mais novas quanto ao futuro. Enquanto a geração saída do 25 de Abril tinha planos a médio ou longo prazo, as actuais têm o horizonte… do mês seguinte! Os recibos verdes (produto ideológico vendido como uma medida modernaça) passaram a ser norma e os falsos multiplicam-se por milhares de jovens que vivem numa situação laboral equivalente a um trapézio sem rede. Quando o patronato fala de rigidez laboral e depois verificamos que os contratos a prazo e os recibos verdes representam um terço da população empregada, temos sempre que relembrar que o ataque aos direitos dos trabalhadores não dá tréguas.

Nestas situações, como sempre, aparecem sempre os oportunistas do costume, alguns sem vergonha nenhuma. O PSD, antevendo a queda do governo por podridão, procura já entrar na fase de distanciamento das actuais medidas de austeridade contempladas pelos PEC´s acordados entre o PS e o PSD. Parece que foi produto da nossa imaginação o tango e a foto do Catroga com o Teixeira dos Santos. A JSD foi ainda mais longe ao associar-se ao movimento "Geração à Rasca". Tendo em contas as propostas do actual líder do PSD para o mundo do trabalho, como por exemplo o contrato verbal (só falta mesmo o contrato por sangue) classificar de oportunismo esta colagem sabe a eufemismo. Até uma destacada figura do PSD local, na sua crónica semanal no "O Notícias da Trofa" escreve " No próximo dia 12 vou dar o meu grito de revolta. No dia 12 de Março vou dizer que sou português e quero ter um país. " não deve estar a par das propostas do líder do seu partido ou do teor dos livros com prefácios do mesmo. Nem mesmo quando afirma " E, mesmo assim, não podemos sofrer. O Sistema Nacional de Saúde não permite. Contenção de custos é assim mesmo. O sofrimento é um luxo. " não deve conhecer (ou está a ludibriar?) o conceito de serviço público do líder do seu partido (basicamente privatizar tudo e reduzir o SNS a serviços mínimos). Mas afinal saíram à rua para quê? Grande pirueta política!

Os movimentos cívicos podem ser importantes na participação e mobilização de segmentos da população sem nenhum contacto com estruturas partidárias. Mas também a força que daí advém pode resultar num acto inconsequente. O que é feito do milhão de votos em Manuel Alegre (Desaparecido em Combate) em 2006? Ou dos votos em Fernando Nobre (Desaparecido em Combate II), que tanto pregou em favor da sociedade civil? Aparentemente tudo sem grande substância. A luta e as suas formas e conteúdos só ganham quando são consequentes e pragmáticas. Por isso, os mesmos que estiveram presentes nas acções de luta do dia 12 de Março não devem esquecer a jornada de luta da CGTP no dia 19 com o lema " Dia de Indignação e Protesto ".

quarta-feira, 16 de março de 2011

Em 7 meses, a Trofa vai de mal... a Melhor!

Li atentamente debate descrito no último JT.
Primeiro, reafirmo o meu lamento pelo desaparecimento deste jornal. Mas, simultaneamente, sou inflexível na convicção de que nenhum poder autárquico poderia contribuir, mesmo que involuntariamente, para a sustentabilidade financeira de uma jornal. Se o jornal não encontrou forma de se financiar junto do meio empresarial, se não conseguiu atingir patamares de qualidade que justificassem o investimento privado, então o encerramento é a solução óbvia. E defendo, consequentemente, a actual redução de despesa camarária nos meios publicitários e de propaganda, transaccionando essas verbas para o que realmente contribuiu para o aumento da qualidade de vida dos trofenses.
Mas indo ao debate e passando a nota prévia. Tomei a liberdade de sublinhar as afirmações conclusivas relativas a diversos temas que foram abordados pelas diversas personalidades, a grande maioria pertencendo aos partidos de direita, o que não é segredo para ninguém.
Em cada tema, terei o rigoroso cuidado de apenas transcrever o que vem referido no JT.
Paços do Concelho
“Construção dos Paços do Concelho com avanços significativos.”
“hoje se está muito mais perto de uma solução para os Paços do Concelho do que há sete meses atrás. A conclusão foi partilhada pelos restantes membros da mesa”
“a câmara está seriamente empenhada em chegar ao acordo com os proprietários dos terrenos”
Associativismo
“não há dúvidas que quando não há dinheiro é preciso reduzir”
“uma das críticas que tenho a fazer-lhes [ao anterior executivo] foi o facto de terem criado, ficticiamente, um conjunto de associações que não existem. Não são nada e foram apoiadas com subsídios, o que é grave”
Situação financeira da câmara“as receitas correntes são quase correspondentes às despesas correntes”
“a responsabilidade é da péssima gestão anterior. Gostaria que eles estivessem agora a governar para ver como iriam arranjar soluções”
“É necessário inventar, criar, fazer alguma coisa. Agarrar-mos ao passado é que não nos leva a lado nenhum”
Metro para a Trofa
“o mérito ou falta dele não pode ser, na opinião de Luís Reis, atribuído a nenhuma das gestões camarárias”
Novas estação da CP
“nova estação da CP correspondeu às expectativas”
Requalificação do Parque
“È imprescindível haver construção. A solução passa por fazê-las num lugar que provoque menos impacto, que é o que está previsto”.
PDM
“Plano Director Municipal continua sem dar respostas”

No final do debate surge a misteriosa expressão: “sete meses depois, a Trofa vai de mal a pior”. Se lerem na integra a entrevista, e pelo que aqui transcrevo, ficámos até com a ideia contrária. Existe progresso, iniciativa e esperança. As dificuldades vêm do passado e estão a ser transpostas. Este última frase e que até vai para manchete, é dita não se sabe por quem, aparecendo caída dos céus.
Porquê a inclusão desta expressão? Porquê este jornalismo tendencioso? Fiquei com a franca ideia que a jornalista fez toda a peça, mas depois alguém escreveu o último parágrafo. Lamentável.
O importante é, de facto, o conteúdo. E optimista fiquei quando percebi que mesmo aquele painel, partilha do optimismo dos trofenses e vê evolução e esperança nos últimos progressos a que assistimos.
O caminho é duro. Mas a Trofa está a conseguir caminhar para o futuro.