quarta-feira, 2 de março de 2011

TANTAS JUNTAS DE FREGUESIAS PARA QUÊ?


Actualmente, existem em Portugal 4260 freguesias, o que significa uma média de uma freguesia para cada 2497 habitantes de Portugal.
Se pensarmos que a cada médico de família estão atribuídos mais de 5000 mil doentes, podemos perceber melhor o quão desfasado da realidade é este número de freguesias. 
Mouzinho da Silveira, em 1832, e Passos Manuel, em 1836, foram os políticos liberais que se atreveram a reformar o quadro administrativo do país, fixando os municípios em 351.
Passados quase 180 anos da reforma de Passos Manuel, o número de municípios e de freguesias não se modificou muito e Portugal continua a ter um mapa autárquico igual ao do século XIX, quando estamos já em pleno século XXI.
Se nessa altura se podia justificar a existência de tantas freguesias pela dificuldade de acessos às sedes concelhias, na era da Internet nada disso se justifica pois a noção de distância alterou-se radicalmente e o mundo está à mão de um simples clique.
 Torna-se urgente um plano de reorganização autárquica que leve a uma significativa redução da despesa pública, pois a cada freguesia corresponde um órgão executivo, a Junta de Freguesia.
Cerca de 30% das autarquias têm menos de dez mil habitantes pelo que as receitas próprias geradas não chegam sequer para pagar os vencimentos do presidente e do restante executivo que representam uma sobrecarga pesadíssima para os cofres do estado.
Tendo por comparação uma freguesia como S. Martinho de Bougado, que tem mais de 10000 e menos de 20000 eleitores, um Presidente de JF recebe 22% da remuneração do Presidente da República, ou seja, 1678,67 euros a que se acrescentam 488,83 euros de despesas de representação e mais outras regalias. Ora, se encontrarmos um número médio para estes valores e se o multiplicarmos pelo número de freguesias existentes e acrescentarmos as despesas com vogais, funcionários, manutenção de edifícios, viaturas, para além de outros gastos, facilmente poderemos chegar a números verdadeiramente astronómicos.
A própria existência de tantos autarcas, leva a um aumento da despesa pois cada um deles tem ambições políticas pessoais o que o leva a tomar medidas despesistas de «caça ao voto» e a criar lugares para satisfazer uma vasta clientela político-partidária.
E como se justificam estes gastos atendendo à pouca relevância das funções atribuídas a este órgão administrativo local?
Pensemos de forma racional: o que é que uma JF faz que não possa ser  feito pelo executivo camarário?
Pequenas obras em ruas? Pequenos arranjos nas escolas do 1º Ciclo? Zelar pelo cemitério, parques e jardins?  
Se consultarmos a lei das competências autárquicas, verificamos, facilmente, que existem muitas alíneas mas poucas são as funções relevantes para um PJ desempenhar, sendo muitas delas até consideradas ridículas para os nossos tempos.
Muitas vezes, um PJ funciona como um ponta de lança do Presidente de Câmara e uma base de apoio para as suas políticas (no caso de ambos  pertencerem ao mesmo partido político), ou então, (quando pertencem a partidos políticos rivais), funciona como uma força de bloqueio à implementação do programa do Presidente da Câmara que é visto como um adversário político a abater.
Em ambos os casos, não representam qualquer mais valia para a freguesia, que acaba por se ver arrastada em guerrilhas políticas desgastantes e na maioria das vezes, dispendiosas.
Podemos recear que o poder de decidir sobre o território que cultural e tradicionalmente nos está mais próximo, ficará muito centralizado nos municípios e que perderemos uma atenção mais personalizada sobre os problemas dessas pequenas unidades territoriais, mas aí é que entra o papel fundamental da Assembleia de Freguesia, que funcionaria como um verdadeiro fórum, onde se debateriam os problemas e  levantariam as   necessidades para depois,  através do Presidente da Assembleia, se fazer a ponte com a Câmara Municipal, que atuaria no plano executivo.
Estes membros das Assembleias de Freguesia seriam eleitos pelo povo mas não receberiam qualquer senha de presença e também nesta medida se poupariam milhões pois basta contar o número de eleitos por essas 4206 freguesias para nos apercebermos de outro enorme desperdício de dinheiro.
Concluíndo, manter as freguesias, mas diminuir ou extinguir as Juntas de Freguesia, torna-se urgente para atacar o despesismo da máquina do estado.
Será este governo suficientemente corajoso para enfrentar os interesses instalados e arriscar uma forte contestação popular e política? Estarão estes políticos dispostos a olhar para o seu interior e a mexer nas suas imensas regalias? Estará o país preparado para colocar em causa o seu obsoleto sistema político?

Por:


Maria Emília Cardoso

18 comentários:

  1. A MEC afinal escreve umas coisitas em condições.
    plenamente de acordo!

    ResponderEliminar
  2. Maria Emília!
    Começo por te dar os parabéns pela qualidade e profundidade do artigo! Algo a que já nos habituaste há longa data, pois uma pessoa não se forma pelos cargos que ocupa mas sim pelo conhecimento, experiência de vida, formação e auto-fomação!
    Certamente muitos desejariam ter a tua capacidade mas certamente se se esforçarem e tiverem a humidade de reconhecer a capacidade dos outros poderão lá chegar!
    Relativamente ao assunto do teu artigo confesso que não poderia estar mais de acordo! Recordo o papel do nosso presidente da junta na eleição da actual presidente da câmara! Numa estratégia combinada inventaram e trabalharam os bastidores de um pseudo movimento (abortou após missão cumprida!) no Parque não, para confundir o povo e até mesmo enganá-lo fazendo-o acreditar que estavam contra qualquer obra no parque o que hoje se verifica que foi pura mentira! Fosse real a figura do pinóquio e essa gente não teria espaço em toda a Trofa para encaixar o seu nariz! Relembro o célebre almoço para fregueses de S. Martinho, com poupa e circunstância, que na altura tantos disseram ser um almoço de propaganda da actual presidente, que o José Sá até pagou a confecção do arroz, cerca de 400 contos, à irmã da presidente - a Dulce, e o presidente afirmou que seria uma iniciativa a repetir com a mesma qualidade todos os anos e cumprida a missão do dito arroz - campanha da actual presidente na altura candidata, e já ficou no banco do esquecimento! Enfim... como afirmas as juntas servem cada vez mais para jogatas políticas e não para servir os seus fregueses e aqui em S. Martinho temos um péssimo exemplo! Parabéns por mais este alerta!

    ResponderEliminar
  3. Maria Emilia e Isabel Cruz. Olha que "dupla".
    Ainda gostava de saber onde estão as construções no novo parque. Será necessário mostrar o anterior projecto?

    ResponderEliminar
  4. Antes de mais gostaria de mostrar o meu desagrado perante os “comentários anónimos”, acho que é uma “cobardia” (sem ofensa!) comentar e não assinar… somos todos adultos e responsáveis pelos nossos actos. O comentário até poderia estar excelente, mas não estando assinado, tem o valor que tem… zero! (Mas na Trofa já é habitual circularem coisas anónimas…)
    Para um bom entendedor, meia palavra basta, e cada um tira as suas próprias elações, e, no meu entender, este texto até poderia ser um texto muito bom se não estivesse nele camuflado um ataque ao executivo PS da junta de S. Martinho (para mim deixa de ser bom, não por atacar o PS, mas por não ser directo e objectivo!)
    Relativamente ao comentário do(a) anónimo(a) 1:
    Continua-se aí a apregoar aos sete ventos que a presidente era contra a regeneração urbana dos parques e etc… Que na campanha eleitoral disse “No Parque nem um tijolo!!!” entre outras afirmações… Como é do conhecimento de todos, acompanhei de (muito) perto toda a campanha eleitoral, e sim, ouvi a nossa (agora) presidente dizer “No parque Não!”, “No parque nem um tijolo..” Mas SEMPRE no contexto da construção dos paços do concelho no Parque! SEMPRE! Agora, a seriedade das pessoas vem sempre ao de cima (é como o azeite!) e para o ataque pessoal (fruto de celeuma de derrotas passadas) é muito fácil dar a interpretação que mais lhe convém e trazer isso para a praça pública.
    Porque agora, o PSD ataca o executivo PS porque afinal se vai avançar com “construções” no Parque, que a presidente era contra as construções e vai fazê-las, e entre outras acusações… Se não avançasse com o projecto, o PSD iria criticar, porque a presidente deixou cair um projecto muito bonito, que embelezava o parque e muito bem faria a Trofa! Conclusão, o que é preciso é atacar!
    Relativamente ao “Arroz”, acho que não há muito para dizer. Até pode parecer inocência da minha parte, mas acredito que o almoço não se realizou pois a conjuntura financeira da junta de freguesia não o permitiu, e não me venham dizer que houve quem tivesse demonstrado disponibilidade em faze-lo gratuitamente, e o presidente recusou! Eu também recusava… não levo os meus amigos a comer a um restaurante em que não sei se a comida é boa…

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  5. Mais um excelente post, da melhor comentadora que este blog tem! (que me desculpem os outros, mas há que reconhecer)

    Tocou num tema fundamental nos dias de hoje, pois o tamanho do estado é dos maiores problemas que temos - tanto pela despesa que cria, como porque quantos mais "tachos" há mais "abutres" atrai, corrompendo assim um sistema do qual apenas devia fazer parte quem quer genuinamente contribuir para a melhoria do seu mundo, país, concelho, freguesia.

    Apenas por inércia é que não nos adaptamos aos novos tempos, inércia e falta de coragem, medo de perder o apoio de X ou Y se acabarmos com os cargos que sustentam os amigos.
    E agora, peço desculpa mas vou puxar um bocadinho a brasa para a minha sardinha, isto é, para a minha opinião pessoal: Quando eu olho para o actual panorama político, vejo um único homem com a coragem para fazer esse tipo de reforma: aquele que foi eleito presidente do seu partido indo contra as pessoas mais influentes, e ganhando com o apoio avassalador das bases, que recusou a reforma de deputado a que tinha direito, que responsavelmente recusou a oportunidade de se distanciar do governo, sabendo perfeitamente que ia ser acusado de o ajudar, pondo o interesse do país à frente dos seus próprios, que tem os "tomates" de mesmo na oposição propor medidas impopulares, e que teve a integridade de, quando veio cá à nossa terra, dizer sobre o metro que "não estava por dentro e portanto não podia responder se apoiava ou não" em vez de se por em bicos de pés demagogicamente prometendo mundos e fundos como qualquer outro faria.

    Espero bem não estar errado, e que dentro de algum tempo tenhamos uma mudança de paradigma, pois se não for ele... vamos estar pelo menos mais 12 anos na porcaria...

    ResponderEliminar
  6. Estimada Maria Emília Cardoso,

    Uma vez mais assertiva e realista, como nos tem vindo a habituar. Parabéns pelo texto, por tocar numa matéria tão sensível e que mexe com tantas panelas e tachos. Portugal sofre da gula de dois monstros imensos e obesos: a Adminstração Pública e a cadeia de governação, desde a AR com todos aqueles principes mantidos a caviar até às autarquias e juntas de freguesia e todas as teias de interesses que as envolvem.

    Uma reforma como aquela que propôe é fundamental não só enquanto medida de racionalização dos escassos recursos da nação, mas também para enfraquecer e as redes de interesses privados que gravitam em torno de autarcas corruptos (que aparentemente podem ser vistos como heróis no nosso país). Infelizmente, e como em muitos outros casos, os dirigentes políticos deste país continuam os mesmos cobardes, incapazes de tomarem medidas sérias e de promover uma reorganização equilibrada das estruturas públicas deste país.

    Um abraço e, uma vez mais, os meus parabéns!

    ResponderEliminar
  7. Amigo Zé,

    Fico contente pela coragem de mandares o aviso para dentro do teu próprio partido. Como sabes, o JMPS é um apoiante da JS (se não mesmo um militante) com participação habitual no blog da JS.
    O ataque que referes não invalida a mestria com que este texto foi elaborado. Infelizmente, a promiscuidade entre autarquias e freguesias da mesma cor partidária não é novidade nenhuma e deve ser denunciada. Se existe entre o executivo trofense e a junta de S. Martinho não me compete a mim denunciar até porque não só nunca me debrucei sobre o assunto como não tenho qualquer elemento que aponte para tal. Denunciar este tipo de situações é um dever de qualquer um que se afirme democrata.
    Quanto à questão do parque, tive já oportunidade de te dizer que gostei muito do projecto e que o apoio incondicionalmente. Não obstante, sabes bem a minha opinião sobre a forma como se manipulam discursos e palavras em contextos eleitorais, é sempre desprezível.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  8. Boa Noite,
    certamente que Maria Emília Cardoso, sabe tão bem quanto eu, o alcance do reformismo de Mouzinho da Silveira e Passos Manuel, o primeiro, totalmente focado na constituição de governos civis, os mesmos que num quadro de ampla reforma administrativa, se procuraria redefinir os seus alcances ou simplesmente extinguir a instituição distrital,como já tinha sido referenciado por mim num comentário no "blog" de uma juventude partidária local.
    A existência de um considerável número de freguesias prende-se com a "forte mão" do clero e da nobreza na administração local durante o antigo regime, distribuição de terras, aproveitamento das mesmas para produção, morgadios e coutos. As motivações de Mouzinho da Silveira e de Paços Manuel, dado o seu ideário liberal vintista,eram libertar a terra e laicizar a sua pertença. Era a tentativa de espelhar nas instituições os traços do pensamento liberal com vista a educar os cidadãos de forma a que absorvessem a matéria de mil oitocentos e vinte, pensamento desenvolvido por Erik Erikson na teoria da "legitimação do ideário com base na criação de instituições à imagem das ideias".
    Não sei se estamos de acordo em matéria de reforma administrativa, uma vez que você denominou como uma necessidade de "reorganização autárquica" e "o meu passo " com vista a uma solução, trilha por uma alternativa mais radical.

    ResponderEliminar
  9. Maria Emília Cardoso5 de março de 2011 às 00:45

    Bom dia!

    Senhor José Santos, o seu comentário ao meu texto dá a entender que até concorda com o que lá está escrito mas como foi escrito por mim... leva certamente «água no bico» e não é de valorizar, pois eu tenho sempre qualquer motivação escondida. Já me apercebi de outros comentários seus mas nunca me tinha dado ao «trabalho» de ver quem era a pessoa que estava por trás do nome, mas hoje fiz isso e fiquei esclarecidíssima. O senhor José Santos é mais um dos jovens «talentosos» que através de um «concurso público» e devido a um curriculo profissional «relevante» arranjou um emprego na mais famosa empresa municipal trofense. Assim já as suas intervenções estão perfeitamente enquadradas, tal como o senhor enquadra as minhas. E se eu sou, segundo a sua opinião, motivada por interesses maquiavélicos de destruir o poder socialista na Trofa, o senhor está, segundo a minha opinião, motivado por interesses pessoais de defesa e manutenção de um emprego. Portanto, motivação por motivação, eu prefiro a minha, pois pelo menos por trás da minha campanha contra o poder socialista na Trofa não estão quaisquer interesses, nem benefícios pessoais. Depois desta nota introdutória, eu gostaria de acrescentar que esta minha tomada de posição sobre a inutilidade das Juntas de Freguesia já vem de há muito tempo, de há mais de 20 anos. Fui professora de Introdução à Política e foi aí que, ao estudar para depois poder ensinar, me comecei a aperceber da irrelevância das funções desse orgão autárquico. Quando, em 2005, o CDS me convidou para ser a sua candidata a S. Martinho, (que eu aceitei com orgulho e também pela experiência de vida que me estavam a proporcionar e por saber que à partida não teria hipótese de vencer pois não tenho qualquer disponibilidade profissional para exercer tais cargos), durante a campanha eleitoral eu sempre disse que defendia um perfil completamente diferente de Presidente de Junta e umas novas funções, pois o atual enquadramento legal estava completamente desfasado da realidade. Sabendo antecipadamente que não tinha qualquer hipótese de vencer, a minha motivação foi lutar para ser eleita para a Assembleia de Freguesia pois é esse o órgão que eu valorizo. Fui eleita e a partir de 2005, como única representante de um partido, eu comecei a estudar com muito pormenor toda a atividade da JF e do seu presidente, até porque tinha de fazer intervenções em todos os pontos da ordem de trabalhos e eu estou habituada a ser rigorosa em tudo o que faço. Então, se eu já tinha ideia da pouca relevância deste órgão autárquico, ainda fiquei mais convencida disso ao verificar a informação escrita do presidente, que,como sabe, relata a sua atividade durante os três meses que medeiam as assembleias de freguesia. Pouca atividade real, muita atividade política, muitas presenças em eventos promovidos por outros, muita campanha partidária camuflada e paga pelo nosso dinheiro,dificuldades de tesouraria, obras sem concurso, empregos indevidos, abuso de poder... é este o panorama que tenho observado ao longo destes anos. E como não sou ingénua e já cá ando há muitos anos, sei perfeitamente que esta situação se verificará na maior parte das freguesias do país,independentemente dos partidos políticos, daí eu defender convitamnete a extinção, não das freguesias, mas das Juntas de Freguesia. Só teríamos a ganhar, em todos os aspetos, e não só no alívio financeiro que essa medida traria. Esta é a minha realidade senhor José Santos e as suas ilações têm muito pouca relevância no meu contexto. Mas agradeço a sua atenção aos meus artigos.

    ResponderEliminar
  10. Maria Emília Cardoso5 de março de 2011 às 01:08

    Bom dia!

    Nogueira da Costa, meu mais recente «amigo virtual». Agradeço as suas palavras elogiosas aos meus artigos e a sua opinião sobre este tema que é realmente urgente encarar com muita determinação e união entre todos os portugueses. Numa hora em que diariamente nos são pedidos sacrifícios e diariamente assistimos a cortes em setores fundamentais no apoio aos mais necessitados, devíamos começar por fazer uma análise rigorosa e apartidária a todas as inutilidades existentes no nosso país e certamente que começaríamos por chegar à conclusão que a estrutura organizacional do estado é pesadíssma e que poderia sofrer cortes de mais de 50% e ainda assim continuava pesada e com muitas inutilidades. Mais uma vez, não comungo da sua confiança e esperança numa determinada pessoa pois a história dos povos já me ensinou que o poder acaba por corromper qualquer ser humano,independentemente das posições e ideiais que defendeu antes de lá chegar. Monarquias, tiranias, oligarquias, democracias...todos estes sistemas têm por trás o Homem e as suas ambições pessoais e nós, as pessoas comuns, acabamos por sofrer desilusão atrás de desilusão de cada vez que nos matam a esperança de encontrarmos alguém que esteja intrinsecamente preocupado connosco.

    ResponderEliminar
  11. Maria Emília Cardoso5 de março de 2011 às 01:24

    Bom dia, meu caro João.

    Mais uma vez, tenho de assinalar a elevação com que vai moderando as intervenções neste espaço e agradecer a opinião sobre o meu artigo. Fico muito satisfeita quando as pessoas entendem que independentemente das nossas posições partidárias, somos cidadãos interessados e que tentamos perceber as dinâmicas que fazem girar o nosso pequeno mundo. Como já não tenho qualquer esperança na geração que está no poder e nos jovens seus clones, espero que jovens como o João consigam trazer alguma luz ao futuro.

    Um grande abraço.

    ResponderEliminar
  12. Maria Emília Cardoso5 de março de 2011 às 01:39

    Bom dia, 10.14.1.14

    As suas opiniões continuam a trazer contributos importantes para os assuntos abordados. Gostei da sua «aula» de História sobre o enquadramento das medidas de Mouzinho e Passos Manuel, análise que não cabia no âmbito do meu artigo. A minha ideia de intervenção não se esgota nas Junta de Freguesia mas vai mais além, só que eu queria desenvolver este tema e se alargava para outras áreas da organização do Estado, o artigo ficava imenso. Mas eu penso voltar a este assunto para continuar com o meu «ímpeto reformista».

    Cumprimentos.

    ResponderEliminar
  13. É uma verdade inconveniente a vários, o Estado Português, talvez por razões histórico-culturais é demasiado despesista. Em séculos passados as condições políticas e sociais eram outras, mas a partir dos anos 80 Portugal entrou numa nova fase, a democracia, que de forma hoje clarividente se tornou numa névoa negra para esconder as suas promiscuidades.

    Quanto ao tema abordado é óbvio o exagerado número de juntas de freguesias (e acrescento municípios) no nosso país. Para termos a noção do ridículo que existe temos como exemplo o município de Freixo de espada à Cinta com seis freguesias e cerca de quatro mil habitantes e o município de Barcelos com 89 freguesias para 125 mil habitantes. O exagero é claro, mas também a falta de vontade política. Tudo isto se torna, para quem se digna a pensar no assunto, uma completa vergonha nacional.

    Nós Trofenses já provamos infelizmente da terrível inatividade administrativa por parte dos políticos locais desde a criação do conselho, não queiramos deixar o país cair no mesmo erro!

    As posições a nível nacional relativamente a este problema devem ser tomadas o quanto antes e o bom exemplo chega-nos de Lisboa, não da estadual mas da municipal, que irá, assim espero, já para as próximas eleições autárquicas ver as suas 53 freguesias serem reduzidas para 24.

    O que não fica esclarecido no artigo exposto é, quais as freguesias do concelho da Trofa a serem extintas, se é que para a autora estas existem.

    (Deixo-lhe desde já a si D. Marília Emília um pedido para o esclarecimento desta posição. Agradados ficaremos também, Nós Trofenses, por saber da posição da concelhia da Trofa do PSD relativamente esta situação, visto que a Sra. foi eleita para a Assembleia de Freguesia de S. Martinho de Bougado por esse partido.)

    Na minha modesta e leiga opinião existem sim e não é difícil perceber quais as novas a surgirem, a freguesia do Castro e a do Coronado (anexando ou não Covelas) ficando a Trofa municipal com quatro ou cinco freguesias, estas obviamente seguem uma concordância geográfica que já existe, facilitando o acordo das populações.

    (Obviamente a criação de uma hipotética freguesia de Trofa ou de Bougado não é realista devido à proporção escalar que esta iria tomar.)

    Sem outro assunto me subscrevo desejando a todos uma boa e honesta atividade política.

    Rui Miguel

    ResponderEliminar
  14. Caríssima Maria Emília Cardoso,
    a minha exegese teve uma formatação à imagem do seu "post", isto porque, tomei a liberdade de fazer um enquadramento histórico da temática apresentada por si.
    Quanto ao seu ideário de reforma administrativa, acho que estamos no mesmo caminho. Saúdo o seu ímpeto reformista.
    Apesar de ambos reconhecermos a dificuldade de aceitação da mudança, neste campo especifico, por força dos registos paroquiais e da administração local assente no poder espiritual, até bem dentro do período contemporâneo.
    Vejamos por este ponto, acerca do período liberal, Jorge Borges de Macedo escreveu o seguinte: "Em matéria de legislação o nosso país estava bem encaminho para as vias do desenvolvimento, a sociedade civil é que não fez o seu papel."
    (Não posso precisar qual o nome do sociólogo/investigador que ainda esta semana li uma comunicação sua num artigo publicado pelo ICS de LX, mas ele dizia o seguinte: "a sociedade portuguesa ainda não possui a capacidade de absorver a mudança da forma que seria desejada pela força da legislação. Vejamos o caso do casamento homossexual e despenalização do aborto, bem como a não criminalização do consumo de estupefacientes."
    Os entraves que são colocados a mudança partem essencialmente na dificuldade que a sociedade civil tem, em absorver e lidar com "o diferente".

    ResponderEliminar
  15. Maria Emília Cardoso5 de março de 2011 às 08:18

    Boa tarde Rui Miguel.

    Agradeço a sua atenção ao meu artigo.
    Quero esclarecer que eu não estou mandatada pelo PSD para tomar qualquer posição sobre nada e participo neste blogue, depois de ter sido gentilmente convidada pelos seus administradores, em nome pessoal, enquanto cidadã. Nunca precisei de partidos para ter opiniões próprias e quando o PSD e outros partidos surgiram já eu era uma jovem com alguma capacidade de discernimento e reflexão sobre a realidade que me rodeia. Portanto,agradeço que veja sempre só e unicamente a cidadã Maria Emília Cardoso,mesmo quando me refiro à minha participação na Assembleia de Freguesia, onde também me «deixam» pensar pela minha própria cabeça. Quanto às freguesias que deviam ser alteradas, se ler mais atentamente o meu artigo verá que eu não proponho o fim de qualquer freguesia, proponho o fim ou redução das Juntas de Freguesia, que é muito diferente. As freguesias mantinham-se, com as suas Assembleias de Freguesia, e o poder executivo era exercido pela Câmara Municipal. As Assembleias de Freguesia seriam o espaço de identidade e união de todos os moradores da freguesia e onde se discutiriam os assuntos de interesse e os problemas existentes.

    Penso que esclareci as suas dúvidas.

    Cumprimentos.

    ResponderEliminar
  16. Esta Maria Emilia não tem noção do ridiculo onde já caiu pois nao?
    E é pena, porque até tem capacidade, como se vê no artigo que escreveu.
    E quem é esta senhora para falar de empregos publicos? É preciso mesmo ter uma lata...

    ResponderEliminar
  17. Parece que alguém aziado engoliu um sapo do tamanho do mundo, não é anónimo das 10:37?

    ResponderEliminar
  18. Boa noite:
    concordo plenamente. Sou membro de uma assembleia de freguesia desde as autraquicas de 2009 e só agora me apercebo desta triste realidade. Por isso dou o seguinte exemplo:
    na junta de freguesia de Sezures, contrataram uma funcionária para trabalhar 4 horas por semana ( part tyme )e ganha 200€ por mês de forma a efectuar o serviço de secretária, isto porque o secretário da junta não tem competencia para assumir o cargo para o qual foi eleito! O lógico seria abdicar do seu salário para pagar a tal funcionária mas unfelizmente não é isso que acontece! Quem não tem capacidades para assumir o cargo para o qual foi eleito nem sequer deveria poder ser eleito! Lamentavelmente, isto acontece de norte a sul! Algum dia isto teria que ser alterado!

    ResponderEliminar