quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A discípula de Sócrates

É com agrado que faço a minha estreia neste blogue. Desde logo agradeço o convite e devo também deixar já a minha declaração de interesses: sendo militante do PCP, a minha opinião vai muitas vezes andar de mãos dadas com as posições do meu partido.
O último ano foi, provavelmente, o ano das grandes desilusões na Trofa. Nas autárquicas de 2009, o povo da Trofa decidiu varrer o executivo PSD, votando maioritariamente nas listas do PS. Com esta mudança, esperava-se um novo rumo, uma lufada de ar fresco. Mas rapidamente o ar tornou-se rarefeito.
Fruto da árvore socrática, a actual presidente é uma boa aluna da escola política de José Sócrates: ideologia oca e percurso político instantâneo revestido com um manto de animal feroz. Eleita através de uma promessa política miserável, com base na ideia da vantagem de um executivo da mesma cor do governo, a nossa presidente deixava implícito a ideia de que possuía uma varinha de condão capaz de agilizar e desbloquear os projectos de maior importância para o nosso concelho. Nada mais errado como se está a verificar.
Incapaz de distinguir as relações pessoais das institucionais, o comportamento da nossa edil começa a ficar marcado pelo conflito pessoal, pela intriga, pela quezília e pelo afastamento das instituições daqueles que lhes são incómodos.
Muito provavelmente, a Trofa estará em destaque nos órgãos de informação nacional no próximo dia 23 devido ao possível boicote das eleições presidenciais na freguesia do Muro. Esta iniciativa só serve para incutir na população a falácia de que são todos iguais (e que tal consultar os arquivos dos jornais e procurar pcp + deputado + estação do muro?). Não teria mais impacto se, em vez do boicote, os eleitores votassem em Francisco Lopes, o único candidato à Presidência da República que não está comprometido com o Orçamento de Estado, os PEC´s e o consequente adiamento (cancelamento?) da construção da extensão da Linha Verde do Metro até à Trofa?
Cumprimentos,
Ricardo Garcia

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto Ricardo Garcia!

    Não sendo eu um militante/simpatizante do PCP, sou obrigado a concordar que foi este partido quem teve a primeira iniciativa de defender os interesses dos trofenses no que diz respeito à questão do metro. A proposta de sinergias partidárias em 2006 ou a intervenção do deputado Jorge Machado na AR em 2008 são bem ilustrativas do que refiro. Não obstante, não me parece que o voto em Francisco Lopes possa mudar este cenário na medida em que o Presidente de República não tem qualquer poder decisório nesta matéria. Poderia servir como voto de confiança no partido pela luta nesta questão em particular mas seria, do ponto de vista da realização da obra, ineficaz.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Maria Emília Cardoso20 de janeiro de 2011 às 05:51

    Parabéns pelo seu artigo!
    Muito bem quando se define politicamente para que todos saibam que as suas opiniões não são «isentas», como muitos gostam de se auto-definir. Ora eu, como ser humano que sou, acredito que a objetividade total ou até parcial não existe e por isso admiro imenso quem não anda aqui para iludir os outros e esclarece logo as suas posi ções para que sejam devidamente contextualizadas e respeitadas nesse âmbito. O maior perigo de quem emite opiniões públicas é querer esconder cores partidárias, filosofias, filiações clubísticas ou crenças religiosas, como se isso não importasse na hora de emitir as nossas opiniões e sobretudo, na hora de tentar que os outros adiram a elas. É essa a postura que sempre defendi e pratico. Para além desse aspeto, a sua análise está muito boa, identificando-me 100% com o teor do 4º parágrafo que mexe precisamente num dos aspetos quemais desqualificam a política na Trofa, atualmente. Infelizmente, os trofenses quiseram mudar, o que é perfeitamente legítimo mas erraram profundamente na escolha (na minha opinião, claro). Quanto ao apelo no Francisco Lopes, concordo com a opinião do João, embora reconheça muitas qualidades a este candidato e ouço-o com muita atenção. Um abraço.

    ResponderEliminar