Parte III – O Grande Irmão
Não é possível desenrolar todo o novelo sem perceber quem o enrolou. O 25 de Abril é apenas uma das situações que foram manipuladas “laboratorialmente” nos anos precederam a Segunda Guerra Mundial, da mesma forma que os meses que antecederam o ataque japonês a Pearl Harbor ficaram marcados pelo congelamento de bens japoneses e aplicação de sanções por parte das autoridades norte-americanas que se tinham declarado neutras face ao conflito, deixando os nipónicos com poucas escolhas. Como disse um dia Napoleão Bonaparte, "History is the version of past events that people have decided to agree upon." (A História é a versão dos eventos passados sobre os quais as pessoas decidiram concordar). Mas afinal, quem detém o poder para influenciar o rumo dos acontecimentos internacionais e como consegue que tal aconteça? Para responder a estas perguntas, necessitamos de entrar num domínio que para muitos não passa de uma “conspiração” mas cujas evidências não podem ser eternamente ignoradas.
Apesar de alguns historiadores mais fanáticos apontarem as civilizações ancestrais do Egipto e da Mesopotâmia como o berço das organizações maçónicas, ainda que de forma pouco sustentável, a história da organizações maçónicas enquanto entidade que congrega génios, estadistas e influentes homens de negócios ou da banca, capazes de influenciar determinados aspectos da sociedade remonta ao período do Iluminismo quando destacados notáveis como Voltaire ou Montesquieu engrossavam as suas fileiras. Os propósitos destas organizações visavam a defesa da liberdade, democracia, igualdade e fraternidade, qual Revolução Francesa, e eram entidades cuidadosamente afastadas do grande totem do poder de então, a religião Católica. Evoluíram ao longo dos tempos, perdurando até hoje, e, apesar de todo o secretismo que as envolve, a sua existência é do conhecimento público. Apenas a agenda destes grupos continua envolta em nevoeiro cerrado, não obstante algumas fugas de informação.
Contudo, as Maçonarias evoluíram para outros patamares que deram origem a novas organizações globais (aqui a definição evolui de “maçónica” para “globalista”, o termo utilizado para descrever tanto as organizações como os seus membros), de onde se destacam a Comissão Trilateral, o Conselho de Relações Internacionais e, o mais proeminente de todos os grupos, aquele que mais interesse e influência exerce sobre a realidade portuguesa, o Clube Bilderberg. Poucos ouviram falar dele, muitos acreditam que não passa de uma “teoria da conspiração” mas a realidade é que existem muitas evidências que apontam para o facto de haver algo de errado com esta entidade. O Clube Bilderberg actua como um fórum anual que, apesar de reunir o “topo da cadeia alimentar” dos políticos, líderes militares, académicos e empresários, reúne à porta fechada, em hotéis patrulhados pelo exército com rigor elevadíssimo, não dá conferências de imprensa e não permite a entrada de jornalistas. É o expoente máximo do secretismo apesar dos nossos líderes políticos, de quem somos patrões, nunca abrirem a boca sobre o assunto quando questionados. Outro aspecto central sobre estes encontros é que raramente são difundidas notícias sobre os mesmos o que não deixa de ser estranho uma vez que se as férias das figuras públicas são notícia para tantos media, não faria também sentido que uma reunião à porta fechada com os principais actores globais fosse noticiada? Não é por acaso que o único membro permanente português do Clube seja Francisco Pinto Balsemão, histórico militante do PSD mas sobretudo patrão do Grupo Impresa. É ele quem convida os participantes portugueses e até já trouxe um dos encontros para o nosso país que teve lugar em Sintra, decorria o ano de 1999.
Não pretendo fazer uma análise exaustiva sobre os meandros das sociedades secretas. Não só porque precisaria de vários artigos para traçar um quadro detalhado sobre esta realidade mas principalmente porque deverá ser o próprio leitor a levantar questões e a retirar as suas próprias elações se entender que o deve fazer. Trata-se de um tema demasiadamente complexo, relativamente ao qual existe muita informação e contra-informação até porque as pessoas que controlam os grandes conglomerados dos media estão lá e são membros tão influentes como um dirigente político ou militar. Aliás, a ideia de que tudo isto não passa de uma “teoria da conspiração” é amplamente difundida pelos media que também se ocupam de ridicularizar todos os factos que gravitam em torno deste enorme ponto de interrogação. Estamos a falar de uma organização que se pauta por um rigor e eficiência muito elevados, gente que não brinca em serviço. Contudo, deixarei aqui duas notas que certamente deixarão o caro leitor a pensar sendo que outros aspectos relacionados com o “clube” serão desenvolvidos mais à frente, no decorrer desta “saga”:
· Durão Barroso abandonou em 2004 o cargo de Primeiro-Ministro para presidir a Comissão Europeia. O anúncio foi feito a 25 de Junho de 2004, no dia imediatamente a seguir à célebre vitória de Portugal sobre a Inglaterra no Euro2004. Para além da conveniência do dia, no qual todas as atenções estavam ainda no jogo, convém salientar que 3 semanas antes, Balsemão convidaria Santana Lopes e José Sócrates, o Presidente da CM Lisboa e um deputado como tantos outros respectivamente, para a reunião anual em Stresa. Santana Lopes seria o PM de transição pós-Durão e José Sócrates suceder-lhe-ia. No ano anterior Durão esteve presente no encontro, 2 meses após ter sido o anfitrião da cimeira das Lajes;
· No encontro de 2005, Balsemão leva o antigo PM António Guterres ao encontro anual dos bilderbergs. Duas semanas e meia mais tarde é apontado como Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. É importante salientar que Guterres esteve também presente na reunião de 94 em Helsínquia, um ano antes de ser eleito pela primeira vez PM;
Poderia citar inúmeras outras curiosas conveniências deste simpático clube como o facto de Bill Clinton ter participado na reunião de 91 e ser eleito Presidente dos EUA em 92 ou Romano Prodi que participou em 99 e foi eleito Presidente da Comissão Europeia no mesmo ano. O leitor poderá olhar para todos estes factos e dizer que tudo não passa de curiosas coincidências. Existe uma organização que congrega os políticos, empresários, banqueiros e académicos mais influentes da Europa e América do Norte, que por sua vez controlam uma significativa percentagem do dinheiro e recursos dos planeta, são proprietários da maioria dos meios de comunicação social de maior abrangência nas suas áreas geográficas (e não só), reúnem à porta fechada protegidos pelo exército do país onde decorre a reunião e, na esmagadora maioria dos casos, os seus convidados pontuais são rapidamente eleitos para cargos de Primeiro-Ministro, Presidente da República, Secretários-Gerais de instituições como a Comissão Europeia ou a NATO (todos os líderes da organização estiveram presentes em encontros do “clube”) ou outros cargos políticos de grande relevância. Não serão coincidências a mais?
Aconselho a todos os interessados a acompanhar de perto o futuro político do pessoas como António Costa, Teixeira dos Santos, Rui Rio e Paulo Rangel que estiveram presentes nas duas últimas reuniões anuais dos bilderbergs. E o leitor poderá perguntar: “mas que importância poderão ter um Ministro caído em desgraça, um mero eurodeputado e dois presidentes de Câmara?”. Legítimo. Tão legítimo como eu lhe recordar que quando esteve presente no encontro de 2004, José Sócrates era um mero deputado que tinha ocupado um ministério de pouca relevância na era Guterres. No espaço de meses transformou-se no primeiro PM socialista com maioria absoluta na história do nosso país.
“Coincidência é a desculpa dos tolos e mentirosos”
Autor desconhecido
Cumprimentos,
João Mendes